Nos primeiros estágios embrionários, as células, ainda não estão separadas por camadas, estão todas diretamente ligadas. Durante o desenvolvimento embrionário, as células vão se dividindo e se organizando para formar os diferentes tecidos, órgãos e sistemas. Suas conexões e formas estabelecem uma linguagem comum, uma harmonia de pulsação que reflete o seu estágio de crescimento, metabolismo e a natureza da sua estrutura. Esta ligação entre as células revela claramente o princípio da interligação dos tecidos. A conexão interna de todas as camadas dá a origem à consciência dos tecidos, à soma das sensações em todos os níveis de células, dando origem à autoconsciência individual. A organização dos tecidos acontece a partir da definição de 3 camadas:
- Endoderme– é a camada mais interna do corpo do embrião e as suas células vão produzir os tecidos que metabolizam a energia do corpo: o revestimento do tubo intestinal, todos os órgãos digestivos e os tecidos dos pulmões. A endoderme é o sistema da respiração e sentimento que fornece nutrição e energia básica para o organismo.
- Mesoderme– é a camada central do corpo do embrião e as suas células irão se transformar no sistema muscular, sistema ósseo, vasos sanguíneos e coração. A mesoderme é o sistema de movimento e ação que fornece suporte e locomoção ao organismo.
- Ectoderme– é a camada externa do corpo do embrião e as suas células formarão o cérebro, todos os tecidos nervosos do corpo, órgãos dos sentidos ( visão, olfato, audição, gustação e tato) e a pele. A ectoderme é o sistema que reúne e coordena as informações sobre o mundo através da percepção obtida no sistema muscular (propriocepção) e a obtida nos 5 órgãos dos sentidos (exterocepção). A ectoderme é o sistema da comunicação.
A endoderme está em contato com a ectoderme por intermédio do nível mesodérmico. A ectoderme é a fronteira, o self social. A endoderme é o passado e o presente, secreto e profundo. A mesoderme é o self volitivo, que transita entre o interior e o exterior.
As experiências vivenciadas nestas camadas de células embrionárias são: respiração e sentimento na primeira camada, a ectoderme, ação e movimento na segunda camada, a mesoderme, pensamento e sensações na terceira camada, a ectoderme.
O ritmo de contração e expansão experimentados pelo embrião são fundamentais para todo o organismo vivo. Este fluxo energético de expansão e contração é transmitido a todo o organismo através das ramificações do SNA. Ele regula o metabolismo energético do corpo e controla as funções básicas tais como: a circulação e os batimentos cardíacos, os processos digestivos, a respiração, a sexualidade e o orgasmo no adulto. O livre fluxo destes processos traz ao corpo sensações prazerosas e as emoções vindas dele tem livre circulação no organismo saudável.
O fenômeno da emoção já está presente no organismo desde a fase embrionária. As sensações e emoções sentidas pelo bebê ficam registradas na memória celular. Se o útero é sentido como receptivo, a massa celular do embrião se aninha com prazer no “solo” uterino e pulsa com prazer. Se, no entanto, o útero for sentido como não receptivo, o embrião sofre as sensações desconfortáveis do medo e se contrai. O medo que ocorre na fase embrionária (da concepção até os 3 meses de gravidez) é inconsciente e está inscrito nas células. É um medo diante de um perigo real de morte, por exemplo na ameaça de aborto. A actina e a miosina intracelulares e musculares sofrem contração diante do medo para garantir a sobrevivência celular com um mínimo de energia. Esta criança já apresenta neste momento uma couraça corporal que pode se manifestar em biopatias. Uma emoção pode influenciar a atividade celular da mesma forma como dores estimulam as terminações nervosas e influenciam nosso humor.
A visão da Biossíntese ampliou a visão da formação das couraças integrando a leitura sobre a formação dos tecidos embrionários e sua relação com os processos emocionais desde a vida intrauterina. Reich já abordava a importância de uma gravidez saudável, da prevenção para o nascimento de crianças saudáveis mas foi Boadella quem aprofundou estas pesquisas e estudos sobre a vida intrauterina.